sábado, 21 de agosto de 2010

Brasil X Trabalho, o conflito sem fim.




O povo brasileiro tem fama de ser preguiçoso, o que é algo notável no nosso cotidiano. Somos um dos países que mais possui feriados e também somos um dos poucos que pode sair do trabalho mais cedo, ou faltar a escola para assistir a um jogo da Copa do Mundo. É engraçado, porque muitos torcem pela vitória do Brasil, pois sabem que não terão de ir ao trabalho no dia seguinte. Mas por que temos esse ódio ao trabalho?


Em países Orientais como os Tigres Asiáticos e o Japão, o trabalho é visto de uma maneira completamente diferente, já que todo o desenvolvimento atingido por eles foi feito através do esforço coletivo. Essas potências são adeptas do chamado Confucionismo, onde o indivíduo deve, segundo Confúcio, colocar o trabalho em primeiro lugar.


Os Estados Unidos cresceram, desde o início de sua colonização, regidos pela mentalidade Calvinista. João Calvino, fundador dessa vertente do Protestantismo, afirmava que o trabalho enobrecia o homem e mesmo que o ofício exercido por ele fosse o mais medíocre possível, este teria que fazê-lo.


Sem falar nos países europeus que ao longo dos séculos passaram por inúmeras guerras regionais e mundiais, onde indústrias, residências, linhas de transporte e regiões agrícolas foram completamente arrasadas. Contudo, estes conseguiram se reerguer através do esforço coletivo. É o exemplo da Alemanha, um país que perdeu as duas Guerras Mundiais e ainda teve seu território dividido pelas potências capitalistas e socialistas vencedoras do conflito. Esses acontecimentos, entretanto, não impediram que esta nação se tornasse a mais poderosa de todo o continente europeu.


Já no Brasil, o trabalho é visto como algo ruim, uma obrigação. Isso pode ser explicado pelos hábitos dos nossos colonizadores lusos antes mesmo de chegarem a esta terra. Portugal, na Era Medieval, era um país influenciado pela religião Católica que na época, pregava a idéia de que o trabalho braçal deveria ser feito por servos, não por pessoas poderosas e influentes.


Quando estes chegaram aqui, trouxeram não só esse hábito, mas pessoas que iriam servir para que este existisse. Escravos. Estes homens, mulheres e crianças eram trazidos da África em condições desumanas (eram tratados como animais dentro dos navios negreiros) e ao chegarem eram vendidos como mercadorias, das quais movimentariam a economia preguiçosa por quase quatro séculos.


Só século XIX era comum as pessoas terem um escravo para que este realizasse qualquer tipo de tarefa doméstica ou comercial, como cozinhar, limpar, cuidar dos filhos, vender objetos nas ruas, cuidar da lavoura e até mesmo amamentar. E quando estes não realizavam a tarefa de maneira correta eram punidos severamente. Isso tudo sem serem remunerados. Demorou para a escravidão no país ser abolida. Mesmo sendo pressionado inter e nacionalmente, o Brasil foi o último de toda a América a fazê-lo.


Outro fato que pode explicar essa diferença entre brasileiros e trabalho é o fato de que aqueles são mal remunerados, mesmo trabalhando duro. Nos países desenvolvidos é possível viver com um salário de professor, bombeiro, policial (mesmo sendo honesto) e até mesmo trabalhando como gari. O que vemos aqui é uma terrível distribuição de renda, onde o capital fica em poder de poucos, enquanto outros vivem abaixo da linha de pobreza. A melhor distribuição de renda no mundo é feita pela Dinamarca, uma nação nórdica que também possui uma das populações mais contentes do globo.   


Se uma grande reforma na distribuição de renda fosse feita pelo governo, talvez o povo finalmente ficasse em paz com seu inimigo mortal e que vem sendo combatido a séculos, contudo sem o menor sucesso, pois a preguiça é inimiga do progresso. Por conseguinte, sem ele, jamais teremos tempo para crescer, já que o estamos utilizando nessa briga sem fim.