domingo, 11 de dezembro de 2011

Frear para acelerar

O crescimento nacional perdeu gás no último trimestre. O PIB (conjunto de bens produzidos pelo país) nesse período cresceu 0%, a produção industrial vem sofrendo quedas , o consumo das famílias vem diminuindo, a inflação aumentou e vai ficar fora do teto de 6,5% estabelecidos pela equipe econômica. Para conter o crescimento desse fantasma de que o brasileiro tanto tem medo, o COPON (Comitê de Política Monetária) diminuiu os investimentos e apertou o crédito.

Essas notícias parecem ruins e muitos já culpam o governo pelo baixo desempenho econômico desse ano, contudo, em economia, tudo possui um lado bom e um ruim. Nesse caso, as medidas do COPON trarão mais benefícios a longo prazo do que prejuízos para o desenvolvimento econômico.

Vocês devem estar pensando: “mas travar o crescimento não vai ser ruim para o país?”. Calma, senta lá. Crescer nem sempre é bom e a política econômica do presidente Ernesto Geisel (1974-1979) pode explicar a minha afirmação.

No início dos anos 70, o Brasil estava apresentando altas taxas de crescimento, a industrialização e a modernização eram crescentes... Estávamos vivendo o milagre econômico! Em 1974, o então presidente Geisel decidiu manter esse alto ritmo crescimento, mesmo que o cenário externo não ajudasse, devido à crise do petróleo. Foi a chamada “Marcha Forçada”.

Nos anos seguintes, devido a esse movimento, a dívida pública aumentou demais (por causa dos investimentos feitos pelo governo) e a inflação ficou descontrolada. Além disso, os juros baixos só contribuíram para que a última crescesse mais. Resultado: o Brasil entrou completamente endividado e debilitado economicamente nos anos 80. Esses erros nos levaram a ter uma década perdida, em que ficamos a mercê do FMI e o crescimento ficou estagnado.

O quadro atual parece ser um tanto semelhante ao do passado, onde tivemos a opção de crescer muito agora ou deixar isso para os anos seguintes. Mas parece que o COPON fez a coisa certa e não passou a marcha, ao invés disso colocou o pé no freio.

Crescer agora não é interessante, pois os países desenvolvidos estão em crise. Com isso, a demanda deles por produtos vai cair. Se colocássemos as nossas indústrias para trabalhar agora, ninguém teria dinheiro para comprar os nossos produtos. Logo, eles iriam ficar estocados, fazendo com que as empresas perdessem dinheiro.

O mercado de commodities (do qual somos completamente dependentes) também está sendo afetado pela crise. A demanda da China por minério de ferro caiu consideravelmente, fazendo com que grandes empresas como a Vale, Usiminas e MMX tivesse grandes prejuízos. Como procura por commodities vem caindo, o preço delas no mercado tende a diminuir.

Uma das razões que explicavam a alta da inflação nacional era a alta dos preços das commodities. Então, creio que agora o nosso fantasma vai deixar de nos assombrar... Por enquanto.

Portanto, o governo fez uma opção de não crescer esse ano, para não prejudicar o desenvolvimento dos anos seguintes. Ainda assim, medidas para aquecer a economia já estão sendo tomadas, como a diminuição da taxa juros para incentivar o consumo. E ele é uma das armas mais fortes contra crises.

Parece que o governo está no caminho certo no que diz respeito à política econômica, espero que ele continue assim.

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