domingo, 4 de dezembro de 2011

FMI X Brasil, uma mudança nas relações de poder

O Fundo Monetário Internacional (FMI) foi criado em 1944, Washington, DC durante a Conferência de Bretton Woods com o objetivo de cuidar da saúde do sistema financeiro internacional. Hoje, esse órgão conta com 187 nações que contribuem financeiramente para a manutenção do fundo. A regra é simples: quem dá mais, tem mais poder dentro do órgão.

Durante a década de 80, o Brasil esteve encrencado com o FMI, já que a nossa dívida externa era enorme e não tínhamos condições de paga-la. Além disso, a inflação estava completamente fora de controle. Para resolver esse grande impasse, inúmeros planos econômicos foram feitos, mas nenhum obtinha êxito.

No meio dessa crise, o FMI enviava fiscais para puxar a orelha do governo brasileiro. Já o povo, sofria com as constantes mudanças de preço e com a frustração de ver que ninguém era capaz de resolver o problema nacional. Contudo, depois de 4 planos econômicos, o Plano Real conseguiu acabar com a inflação galopante e, em 2008, a dívida externa foi finalmente quitada (até hoje muitos duvidam da veracidade desta última afirmativa).

Com isso, a guerra entre o FMI e o Brasil teve fim, entretanto, esse órgão trava batalhas em vários outros fronts. Atualmente, a debilitada Europa é o seu maior alvo, pois os países de lá não estão conseguindo controlar suas dívidas que já ultrapassam o PIB (Produto Interno Bruto) de alguns deles.

Para resolver esse problema, fortes medidas de contenção de gastos públicos estão sendo adotadas por vários governos do continente, o que tem deixando a população enfurecida e sem esperança. Muitos economistas já falam que está será uma década perdida para os europeus, assim como aconteceu aqui durante os anos 80.

Para ajudar a resolver o impasse europeu, a diretora gerente do FMI Christine Lagarde está visitando alguns países para convencê-los a ajudar a Europa. Lagarde esteve no Brasil com esse objetivo, mas não conseguiu nada, pois a equipe econômica se recusa a comprar títulos da dívida (quem não sabe o que são títulos da dívida leia o nosso texto Mas o que é uma dívida AAA?) de países em crise, devido ao alto risco de calote.

Ainda assim, o governo brasileiro afirmou que pode ajudar os europeus através do envio de recursos via FMI, dessa forma não haveria chance de calote e a nossa cota (leia-se influência) no fundo iria aumentar.

É interessante como o mundo dá voltas. No passado, os países que hoje estão em crise ditavam as regras do FMI, entretanto, nos dias atuais, eles precisam de nós. Creio que esse seja apenas mais um sinal de que as relações de poder (a nível mundial) estão sofrendo uma grande transformação.

2 comentários:

  1. Acredito que o fato de emprestarmos dinheiro para o Fundo não seja suficiente para definir, a favor de todos, uma melhor política externa destes países desenvolvidos. Nós podemos ser o país do dinheiro, mas continuaremos sendo o país da cana-de-açúcar, pois nem exploração de petróleo fiscalizamos direito. As maiores empresas do mundo são deles, logo, eles continuarão nos dominando, pelo menos até o momento em que conseguirem se recuperar. Parabéns pela postagem, bom assunto para se discutir.

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  2. Os europeus não nos pedem dinheiro para melhorar as relações com as nações em desenvolvimento. Eles só estão dançando conforme a dança, ou seja, estão pedindo dinheiro a quem possa emprestar. Infelizmente, o problema gerado pela dependência histórica da exportação de commodities (cana-de-açúcar, minério de ferro, petróleo...) levou o Brasil a possuir poucas empresas de TI e de outros seguimentos, entre as maiores do mundo. Contudo, se analisarmos a lista da Fortune das maiores empresas do mundo, é possível ver que houve um aumento significativo de empresas dos BRICS no ranking, desde que a série histórica foi iniciada. Logo, está ocorrendo uma redução na participação de empresas europeias e norte-americanas no mercado. O exemplo disso é a American Airlines, que está passando por momentos difíceis desde o 11 de Setembro. Outro exemplo é a Vale, que passou a ser a maior produtora de minério de ferro do mundo, arrancando o lugar de uma empresa australiana. E pra fechar, as montadoras de carros chinesas estão apresentando uma grande ameaça a outras grandes pioneiras do setor, como Ford, Renault, Fiat e etc. Por conseguinte, a dominação empresarial por parte dos países desenvolvidos, está começando a entrar em colapso. Obrigado por ter lido e comentado o nosso texto, Ciro.

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