
Enquanto escrevo esse texto, recebo a informação que os 439 bombeiros do Estado do Rio de Janeiro foram soltos. Fico feliz. Pelo menos parte da justiça foi feita, mas vamos contar essa história desde o início...
Depois de dois meses tentando fazer negociações reivindicando aumento do piso salarial para R$2000 + vale transporte (atualmente o piso salarial dos bombeiros é de apenas R$950 o menor DO PAÍS), em meados de Março o CBMERJ (Corpo de Bombeiros Militares do Estado do Rio de Janeiro) entrou em greve. A partir do anúncio, várias medidas contra a manifestação foram tomadas.
Foram abertos processos de deserção contra os bombeiros que anunciaram a greve, o que fez com que eles voltassem a se apresentar no dia 17 de maio. Os processos foram suspensos e foi marcada uma reunião para o dia 25 daquele mesmo mês.
A negociação não vingou e eles decidiram retornar à greve. O governador Sérgio Cabral, em um discurso no mínimo infeliz, disse que “isso foi uma movimentação política, com interesses que no fundo não são de ajudar os bombeiros, são interesses de criar confusão”. Não deveria ter falado isso governador, não deveria ter falado. Ao decorrer de abril e nos primeiros dias de maio, foram feitos vários manifestos até que a coisa “pegou fogo” de vez.
Na noite do dia 3 de maio, cerca de 2 mil manifestantes (incluindo os familiares dos bombeiros) invadiram o quartel central do Corpo de Bombeiros, o que também gerou tumulto no trânsito das ruas do centro da cidade do Rio. Na manhã seguinte, a Choque da Polícia Militar (PM) e o BOPE (Batalhão de Operações Especiais) invadiu o quartel central e 439 bombeiros foram presos. A invasão foi tumultuada, várias pessoas ficaram feridas e uma morreu. Uma mulher grávida, esposa de um bombeiro, sofreu um aborto, após ter sido emprensada na confusão.
Naquele mesmo dia, depois de negociações, o governador Sérgio Cabral anunciou um novo comandante para o Corpo de Bombeiros, o coronel Sérgio Simões, substituindo assim o coronel Pedro Machado, comandante até aquele momento e, segundo ele, o motivo da troca foi descontrole hierárquico (puff). Para dar continuação à sua série de discursos infelizes, nosso querido governador lançou mais uma: "Não há negociação com vândalos, eu não negocio com vândalos”. Parabéns “Crabralzinho”, você acabou de chamar nossos heróis, talvez a única instituição militar ainda respeitada, de vândalos.
Após a prisão dos bombeiros, a manifestação passou a ser amplamente apoiada pela população do Rio, também conseguiu apoio dos professores estaduais, que iniciaram greve esta semana. Depois do episódio ocorrido no sábado, agora além de reivindicarem aumento de salário, querem a anistia de todos os presos, o que não é nada além da justiça.
O habeas corpus é o primeiro passo para o progresso das negociações, e eu espero (não só eu como todos do blog e a população fluminense) que as autoridades tomem atitudes justas e que esse conflito acabe o mais rápido possível.
Atualização feita em 22 de junho de 2011: O senado brasileiro anistiou os bombeiros do Rio, leia mais aqui
Atualização feita em 22 de junho de 2011: O senado brasileiro anistiou os bombeiros do Rio, leia mais aqui
É isso. Uma instituição respeitada pela população. A mais querida. Somente os políticos não levam a sério sua reivindicações. Há anos eles aguardam a publicação de uma PEC que não avança. Por isso, não só o Serginho, mas, todos os políticos que estam e estiveram nos fóruns responsáveis em aprovar tais melhorias que não a fizeram contribuiram para o momento que estamos vivenciando. O que mais me entristece é que ainda existem aqueles que querem tirar vantagens dessa situação. Vamos ficar de olho! Parabéns pela matéria!
ResponderExcluirMarilene Pereira