terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Um dia no parque



Acordamos todos muito animados. Era minha primeira ida ao Beto Carrero World, diversão garantida. Nunca gostei muito da ideia do principal parque temático brasileiro ter o nome em inglês, mas eu até entendia.
Ao chegar lá, somos saudados por um imponente castelo colorido com uma estátua do fundador do parque na frente e começamos a nos fascinar pelo lugar. Era realmente muito bonito, foi realmente muito bom. Mas vamos aos fatos.

O primeiro brinquedo ao qual fomos foi o “Firewhip”, mais um nome em inglês, mas de novo, tudo bem. Depois fomos ao Beto Carrero “Memory”, um memorial ao falecido João Batista Sérgio Murad, onde vimos seu “trailler” e também toda sua parafernalha e vestimentas de “cowboy”.

Na hora do almoço, resolvemos comer assistindo a um espetáculo ao qual sempre tive vontade: o “West” Selvagem. Espetáculo esse que fazia alusão a índios norte-americanos, bem como aos costumes do velho oeste do mesmo país e até mesmo o palhaço estava caracterizado muito similarmente a um típico caipira pobre dos Estados Unidos os quais vemos em programas de comédia pastelão americanos e em seus desenhos animados.

Um pouco mais tarde, fomos a Ilha dos Piratas, onde, só para variar, havia uma bela placa de madeira no portal escrita em bom e claro inglês “Pirates Island”. Eu já estava começando a me enfadar. Isso sem falar que eu nem fui a “Bigtower”, ao “MadEmotion”, ou assisti ao “Extreme Show”.


Mas, sim, eu passeei pelas ruas da Vila Germânica, onde há um “celeiro” com uma série de cavalos que atuam como os dos cavaleiros leias (ou algo assim) à Arthur, sim, o Rei Arthur. Nessa mesma Vila, há um outro espetáculo, o Excalibur, onde “os seis melhores cavaleiros disputam a famosa espada”. Bem brasileiro isso, não? Não.


E se você não estiver satisfeito com essa injeção de cultura mundial e, principalmente americana, você pode também assistir ao África Misteriosa.


Não que tenha nenhum problema em apreciar a cultura de outros países, ou até mesmo extrair um pouco dela, o que há de bom dela. O problema é que o melhor parque temático do Brasil não tem nada de brasileiro. E ainda mais grave é que essa aculturação é automática, não percebemos que a estamos sofrendo. São coisas tão comuns ao nosso dia-a-dia que simplesmente não nos chamam a atenção; e talvez ainda mais grave que isso é o fato que esses agentes acultorizadores também não têm consciência que estão sendo cúmplices deste triste processo de assassinato da cultura nacional, pois eles mesmos estão aculturados.


Essa é a realidade, que tal fazer alguma coisa sobre isso?

Por Davi Chaves

3 comentários:

  1. o Brasil já é conhecido como um país "sem cultura". dia desses, fui comentar sobre a cultura nacional e ganhei uma resposta parecida como 'brasil é aculturado desde sempre'. o grande problema é que ninguém enxerga (ou finge não enxergar) o quanto nosso país é rico. ninguém dá o real valor ao que é seu, só o que é de fora que é bom/legal.

    muito bom o post! esse davi é um perigo mesmo, viu?

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  2. Parabens, bem vindo ao blog, sempre achei mto interessante essa idéia do Mateus... mas nao to aqui pra isso...

    Com relação ao texto, eu acho q esse é um fator a ser pensado, q volta e meia eu me pego altistando sobre. Sabe o q eu acho mais absurdo, além do fato de a gnt ter essa globalização tão infiltrada q falamos SuperMercado e não GrandeMercado, ou qlqr coisa do tipo por pior q fique, é que quando um gringo vem pra cá nós somos bons hospitaleiros se soubermos falar a língua deles, mas pq pra irmos pra lá temos q saber a língua deles também? Acho q ta na hora de se impor nao so na economia...

    Entendo q o mundo passa por uma fase chamada Globalização, q tem seus lados bons e seus lados horriveis como tudo, mas uma globalização descontrolada leva a uma perda de indentidade nacional.

    Gostei mto do seu estilo de texto, cativa mto as pessoas, mas se quer uma dica, na minha opinão ficou um pouco longo, quando entro aqui, acho q algumas outras pessoas também, vem em busca de textos novos, mas, geralmente, se tem tanta coisa pra fazer na "internet" que um texto um pouco maior desanima.

    Parabéns de novo e continue escrevendo.

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