sábado, 10 de setembro de 2011

Esse é o meu Brasil!


 “Esse é o meu Brasil!” É uma frase muito bonita, de fato. Precisamos encher a boca e estufar o peito para falá-la. “Esse é o meu Brasil!”, ele é meu, não seu, mas meu. E é assim que todos os pseudo-patriotas que usam essas palavras com tom pejorativo e sarcástico deveriam pensar, pois o Brasil deles, o Brasil “sem concerto”, o “país de ladrões” é o Brasil deles, e não o meu.
         
E sabe o que é mais legal ainda? É que essas pessoas, a maioria da população, vão a ginásios ou eventos esportivos quaisquer e gritam euforicamente que são brasileiros e mais, repletos de orgulho e amor. Imagino as conversas dentro dos carros, no engarrafamento para voltar para casa ao fim do dia. “Olha esse trânsito? Tinha que ser no Brasil mesmo! E ainda querem fazer Copa do Mundo aqui.” Bem, uma novidade aos que cantam o mesmo refrão batido nos ginásios brasileiros desde, pelo menos, quando eu me entendo por gente. Equipes esportivas não são o nosso país e nem representam ele. Selecionados de atletas são, olha que surpresa, selecionados de atletas. Não um país, por mais que seja essa a imagem que é vendida.
         
O país, o Brasil de verdade, é o povo. O povo e as nossas riquezas, nossas matas, nossa bandeira, nossa cultura, nossa multicultura, nossa miscigenação, nossa música, só que disso a massa não se orgulha. Ninguém bate no peito pra dizer que tem orgulho de ser brasileiro quando uma fatia da população deixa o nível da pobreza, ninguém bate no peito para dizer que é brasileiro quando o país se torna credor do FMI. Ninguém bate no peito para dizer que é brasileiro quando uma mãe solteira com dois empregos vê um filho passar para a universidade depois de tanto sacrifício.
         
A que conclusão nós podemos chegar? Que o brasileiro, este que canta, tem orgulho do Giba, do Leandrinho, do Neymar, mas não consegue ter orgulho dele próprio.
       
Eu espero que vocês também percebam que a algo errado com isso. Um país onde o povo se desmerece, ataca à política e continua insistindo nos mesmos erros burros em relação a ela, uma pátria que dá motivos de orgulho aos seus filhos e é renegada. O Brasil é uma mãe que apanha do filho viciado.
   
Falando com toda a honestidade possível e sem sensacionalismo, dói muito em mim quando eu escuto alguém de dizer que tem vergonha de ser brasileiro. De verdade. Sinto um aperto no peito e uma tristeza repentina ao pensar que um filho da terra não a quer bem. Dói quando escuto alguém dizer que gostaria de ter nascido em outro lugar, por mais que seja uma questão de escolha, foi aqui que você nasceu, e é essa a sua pátria. Nós não escolhemos nossos pais ou nossas mães, mas nós os amamos, da mesma forma deveria ser com o nosso país para que não nos coloquemos em estado de comparação com aqueles que rejeitam os seus pais, aqueles que lhes deram a vida. O Brasil não deu vida a nenhum brasileiro, mas é este país, sua cultura e sua estruturação social que lhe fazer ser o que é hoje, pois você produto do teu meio e é este o teu meio.       

Um comentário:

  1. Ótimas palavras, gostei mesmo. O País precisa de mentes abertas e com visões balanceadas também.
    Mas, acho que vale lembrar que foram mais de trezentos anos de Brasil perdido, alguns cento e poucos ou quase duzentos anos de tentativa de desenvolvimento. Agora que estamos em quase boa formação, teremos ai, mais talvez quem saiba uns dois ou até infelizmente três séculos para mudança de situação e de visão da nação.
    Mas,também, tudo começa com os que veem o Brasil com outros olhos como o seu. De "patriotismo verdadeiro", não sei, é o que parece.
    Gostei muito, obrigado!

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