quinta-feira, 8 de setembro de 2011

UPP



O Estado retoma o poder que estava sendo controlado pelo tráfico há cerca de pelo menos 20 anos, mas os moradores ainda continuam sendo reféns do medo e da manipulação de ideias. 

Uma palavra, na minha opinião, traduz o governo do Estado do Rio de Janeiro, sua incursão e invasão do complexo do Alemão: o “Diversionismo”. Ele é a arma utilizada para reduzir a importância, embaçar o brilho e colocar em pauta todas as questões sobre o controle social e cultural que irão acontecer nos próximos capítulos dessa novela escrita pelo governador do Rio Sergio Cabral. 

No mês de novembro do ano de 2010, os olhos do Brasil estavam voltados para a conquista territorial do Complexo do Alemão. A meu ver parecia uma cena de guerra e sem dúvida era uma guerra, caminhões lotados de soldados preparados para o que de e vier, policiais com suas armas em punho esperando apenas o momento da invasão e todos os cidadãos brasileiros esperando por uma carnificina. Algo que não aconteceu, devido à grande circulação de jornalística (fato histórico na policia do Rio de Janeiro). 

De certa forma, mesmo sendo um crítico de todas as reformas governamentais, pois as enxergo como uma forma de arrecadação de votos, tenho que salientar a grande importância da retomada de uma área tão populosa que até então era dominada pelos criminosos que circulavam impunes no interior da favela com seus fuzis e metralhadoras. 

Entretanto, também temos que tomar ciência de que esse tal projeto que acaba de iniciar precisa de reformas, deixar para trás o ufanismo e colocar em prática todas as medidas construtivas e interacionistas entre a comunidade e a policia, que nas últimas décadas vem travando uma batalha de interesses contraditórios e às vezes irrelevante. 

Precisamos esquecer um pouco que, com a ocupação das comunidades pacificadas, os problemas irão se dar por encerrados. Mito. Eles acabam de começar, pois os moradores dessas comunidades convivem há anos com a ausência do poder público. Contudo, também convivem de perto com o abuso e a intolerância dos policiais corruptos. 

O que estamos vendo é uma tentativa de reorganização do poder público, enfatizando apenas a segurança pública e esquecendo todos os aspectos sociais e geopolíticos da sociedade que ali vive. Também devemos cobrar não só segurança mas também infraestrutura, saneamento básico, educação e moradia. Caso o governo não dê tanta importância a tais projetos, a ocupação será apenas um mero marketing estratégico de como arrecadar votos e acreditar na mentira alheia. 

Esta ocupação trata-se do maior golpe já feito através de uma política de repressão criminal no Brasil. Apesar do acontecimento histórico do poder público de “letalidade baixa", o governo precisa punir policiais que abusam do seu excesso de autoridade arbitrária. Essas denúncias são preocupantes e não irrelevantes neste processo de interação do policial com a comunidade. Tal processo deve ser acompanhado de perto, já que essa escassez de entendimento de ambas as partes coloca o mesmo em xeque. 

O governo garante que não faltarão punições aos maus policiais, mas não adianta repreender. Devemos educá-los psicologicamente, pois os mesmos tratam os moradores como marginais. Todavia, o que agora estamos assistindo em todos os meios de comunicação é uma tendência de melhorias e de uma melhor qualidade de vida para a população local. Devemos destacar a importância de cobrar e de mostrar à sociedade que não vamos viver em um mundo de pertinências utópicas governamentais.

Queremos soluções adequadas, progressos construtivos nas comunidades e no modo de repressão policial. Acabar com as festas no alto da comunidade de uma forma arbitrária, nos traz o sentido de um apartheid cultura e social (difundida a ideia de que o funk, pagode ou qualquer outro estilo musical não é cultura). 

Portanto, saliento que essa interação deve ser avaliada de perto e fazer parte da obrigação do Governo ou da Polícia Militar respeitar os moradores e dar vida digna a tão e não continuar fabulando promessas ilusórias.

Por: Teco Trajano.

2 comentários:

  1. Concordo, existem segundas intenções sempre quando observamos "fogos de artifícios" em torno das medidas adotadas. Visam sempre a mesma coisa: Vooooootooo.
    Maria Helena Galves

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  2. Obrigado pelo espaço ! A sociedade precisar acordar e lutar pelos seus direitos e para de viver nesse mundo de farsas governamentais .

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