Fico perplexa com a maneira como meu marido torce para o seu time, tipo: Amor e Ódio. Ainda bem que é pelo time e não por mim. Penso se isso é normal ou maluquice? Como pode alguém vibrar, gritar tão euforicamente para o timão, dito do coração e de repente a um único sinal de problema virar um desespero? Em minutos muda tudo. Ouço aquele repertório chulo que muitas pessoas conhecem. O mundo desaba para ele naquele momento até que ocorra um novo jogo com um resultado melhor.Meu cérebro tem uma mania que me cansa: me obriga a pensar o tempo todo. Outro dia foi à vez de pensar no Brasil. Lembrava de um bate papo com amigos, sobre o contexto político, social e econômico. Houve muita discussão, desilusão e indignação que teve uma conclusão impressionante: NINGUÉM FAZ NADA, é a inércia de um povo.
Penso agora nesse NINGUÉM com raiva. Afinal de contas, quem ele, o Sr. NINGUÉM pensa que é? Talvez ele não pense. Será que ao menos ele sabe que existe? Terá nacionalidade, identidade, CPF, endereço fixo, profissão, graduação e idioma no currículo. Dívida eu aposto que ele tem, mesmo que não seja com cartão de crédito e cheque especial. Com o Brasil ele tem, e muita, mas muita mesmo. Título de Eleitor não acredito que tenha, senão seria ‘alguém’, porque quem vota participa do processo Democrático Brasileiro com a responsabilidade de escolher o melhor para o Brasil, contudo, reconheço que é difícil, pois todos candidatos fazem TANTAS promessas.
Na época da Copa do Mundo meu coração dispara, contagiada por este sentimento inexplicável que envolve todos os brasileiros. Tenho, inclusive, uma camisa da seleção guardada, compro sempre na promoção. Nesta época todo mundo sente orgulho de ser brasileiro. Torço por amor a seleção e porque este período é muito especial. O Brasil para. Quase tudo fecha mais cedo, todos correm para se confraternizar, assistir o jogo na televisão, tomar umas cervejinhas, beliscar um churrasquinho, torcendo para a seleção ir para a fase seguinte e para poder continuar saindo mais cedo do trabalho, da faculdade, etc. Mas se o Brasil for campeão, então vamos nos sentir os melhores do mundo e cantar ‘eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor’.
Reflito se NINGUÉM torcer para o Brasil nos jogos, ele se parecerá comigo. Se ele votar com alguma ilusão de ‘alguém’ fazer alguma coisa para acabar com a corrupção, as fraudes, as impunidades, os desvios de verbas, as licitações irregulares, da legislação de majoração salarial que somente é usada por autoridades em causa própria e de seus pares, então, reconheço francamente, que NINGUÉM é igual à mim.
Dizem que para a pessoa ser completamente realizada e feliz, deve-se plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. Acho que para ser brasileira realizada e feliz deveria acrescentar mais uma coisa: TER ATITUDE.
Cogito criar um time. Provavelmente com o nome Atitude Brasileira. Quem sabe NINGUÉM se anima e participa dele. A princípio nada faremos só para não perder o hábito, todavia após a nossa organização poderemos analisar propostas, elaborar projetos de ação e colocá-los em prática.
Descobri, pensando muito, que eu também SOU NINGUÉM e você já sabe que espécie de brasileiro é?
Maria Helena Galves - Integrante do Movimento Atitude Brasileira (MAB). Acesse o blog: http://movimentoatitudebrasileira.blogspot.com/
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