quarta-feira, 16 de março de 2011

Formando fanáticos


“Vocês sentem medo das previsões apocalípticas da Bíblia?” Foi com essa pergunta que começou o meu dia, mas o que me deixou espantado foi a resposta de alguns dos meus colegas de classe: “Sim!” Depois disso, senti que a situação não iria chegar ao ridículo ao qual se dirigia, a professora, que estava ensinando valores à cidadãos em formação, disse que não deveríamos ter medo das previsões do fim do mundo – “Ufa”, pensei – mas sim aceitá-las, aceitar a nossa hora quando ela viesse. É, fodeu.

Você ta pensando que foi só isso, né? A frase ainda não tinha acabado. Na concepção desta professora, nós não apenas devemos aceitar o apocalipse, como pedir a Deus que, quando chegar a hora, ele o apresse. Apresse o nosso fim. É, amigo, fodeu de vez.

Eu não vou nem dizer que ela falou que “o que prevalece é a vontade do Senhor”, ou assumiu um dogma católico e disse acreditar nele ou ainda que eu só consigo as coisas se for da vontade de Deus, porque seria desnecessário depois dos dois primeiros parágrafos.

Mas eu não quero falar dessa professora, eu quero falar dos meus colegas que disseram sim e da significante parte da população que eles representam. Fanáticos religiosos. Talvez você queira argumentar e dizer que só porque eles acreditam no que está escrito naquele livro, não quer dizer que sejam fanáticos. Tudo bem, sua opinião, mas na minha, quem tem medo dos Cavaleiros do Juízo Final é fanático sim.

Nenhum tipo de fanatismo é saudável, mas o que mais me irrita é o religioso. Na boa, você tem o direito de acreditar no que quiser, viver a sua vida da forma que você quiser, o problema é seu, mas não pode dizer uma vírgula da minha opção e eu só estou escrevendo isso, contradizendo-me, porque já cansei de fanáticos querendo me dizer que eu estou errado. Não, eu não estou errado, eu sou apenas tão crente como você, só que eu acredito em outra coisa, simples.

Por serem cegos, milhares já foram submetidos a vidas vividas em vão, já lutaram por uma causa que não era a deles em troca de um lugar ao lado de Deus, comeram o pão que o Diabo amassou nas mãos dos representantes desse mesmo Deus e criaram em suas casas legiões de cegos molestados que os sucederam em sua nobre missão de servir ao senhor. Eu desertei, e estou com a minha consciência tranquila.

E, por mais que me doa, não pude ver meus colegas de classe de modo diferente, como se não fossem a continuação dessa cadeia, mas a opção de vida é deles e esse será meu único e silencioso protesto em relação a isso, jamais farei aquilo que condeno e esfregarei a mão na cara das pessoas para imprimir meus dogmas.

Este texto é um desabafo, não quero que ninguém tome como afronta, como tentativa de convencê-los que meu modo de pensar é correto. Não existe algo assim, cada um tem sua individualidade e é dever do outro respeitar, e cada um tem sua opinião e é seu direito expressá-la, eu apenas resolvi expressar a minha.

5 comentários:

  1. Embora eu não concorde com tudo o que foi dito (na minha condição de evangélica), devo admitir que, realmente, opinião não se discute e o que me resta é respeitar.
    Muito bom o texto.

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  2. Embora o assunto em questão seja um tanto delicado, creio que deve ser comentado.
    Bom texto!

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  3. É exatamente a minha intenção, Mateus. Abrir o tema para discussões (saudáveis)e fazer com que as pessoas expressam o que pensem. Temas delicados são ótimos para uma boa conversa ^^

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  4. Acho que tu faz idéia de quem sou, queria só passar uma parte do que sinto...

    Penso que o "fodeu" poderia ser utilizado no formato informal (fudeu), já que tal palavra não pertence a formalidade linguística.

    Acrescento também a possibilidade de abertura de seu intímo para possibilidades, mesmo sendo elas arcaicas. (Não querendo me meter, mas já metendo). Já tentou olhar pra cima e ver mais que esse céu? "Será que vamos conseguir vencer" ? Não, tudo bem! Cabe a você ter o discernimento entre o certo e o errado, Am I right? (I'll come back someday) :P

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  5. Vou considerar suas dicas em relação à grafia, pode deixar. E em relação à minha escolha, queria deixar claro que percorri todas as "estâncias da espiritualidade" antes de bater o pé da forma que faço hoje, me informei e participei de quase todos os cultos a que tive acesso, mas em todos eles, quanto olhei para cima, para citar-lhe, vi apenas o céu.

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