sábado, 19 de março de 2011

Homenagem ao Mestre Ariano


Nasceu na então cidade da Paraíba, que por incumbência dos acontecimentos históricos deste país, é hoje conhecida como João Pessoa. Foi em 1927, o mês era junho, Rita de Cássia Vilar deu a luz a um menino. Filho de um João, mas não um João ninguém, era João Ubaldo Pessoa de Vasconcellos Suassuna, presidente do estado da Parahyba. O menino Ariano começava neste dia 16 sua vida e sua obra que, ainda hoje, encanta e fascina em português, inglês, francês, espanhol...
Em 1930 veio a revolução. Seu pai era político influente; foi assassinado. Para fugir daqueles que se opunham ao ex-presidente do estado, Rita levou toda a família para o Cariri. Taperoá.
Dando um salto de doze anos na história, o ainda menino muda-se para o Recife. Lar definitivo do mestre. Lá, Ariano terminou seus estudos e se formou em direito e filosofia. Foi também na capital pernambucana que o Brasil passou a conhecer Ariano, agora, Suassuna. Quando tinha apenas dezoito anos, teve seu primeiro poema a ser publicado, e em destaque, no Jornal do Comércio do Recife.
Uma mulher vestida de Sol era o marco definitivo de que o filho de Rita estava decidido sobre o que fazer. E quando as harpas de Sião cantaram no Teatro do Estudante de Pernambuco, em 1948, todos tiveram a chance de ver que ele não estava ficando louco. Ariano não parou mais, peças se seguiram após estas e o menino que cresceu em Taperoá ganhava o rincão brasileiro.
Falando em Taperoá, foi nesse cantinho de mundo que o não mais menino ambientou a sua magnum opus. Auto da Compadecida narra a história de Chicó e João Grilo e suas peripécias e aventuras na busca do amor e da sobrevivência na vida difícil dos sertões nordestinos. Tremendo foi o sucesso ao qual se contabilizam quatro adaptações da peça para televisão e cinema e incontáveis remontagens nos teatros Brasil afora.
Aliás, foram estas as características que marcaram o Movimento Armorial, idealizado e praticado por Suassuna. Ele defendia que todos os ramos da arte deste pedaço do país deveriam narrar o Nordeste com o devido respeito a sua cultura e lealdade à realidade do seu povo. Enfim, criar uma “arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste”.
Hoje, Ariano Suassuna tem oitenta e três anos e continua ativo, participando de eventos e até mesmo tendo mais uma de suas obras adaptadas para televisão. A microssérie A pedra do reino exibida em 2007 foi uma homenagem aos oitenta anos do escritor, baseada no livro O romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta.
Ariano está imortalmente sentado sobre a proteção do Barão de Santo Ângelo, na cadeira de número trinta e dois da Academia Brasileira de Letras. Ocupa este lugar há já vinte e um anos; o maior reconhecimento para um escritor que foi, com todo mérito, concedido ao grande expoente paraibano das palavras.
Mas, mais do que os títulos e prêmios ganhos, mais do que o dinheiro juntado com os direitos autorais de seus escritos, mais do que a fama, mais do que ter seu nome reconhecido por todo cidadão brasileiro que aprecie a boa arte, Ariano Vilar Suassuna, você tem o carinho e a admiração do povo do seu país. Cresceu em meio às limitações do sertão e, mesmo não tendo tido uma vida difícil, sofreu com os que tiveram e, em sua obra, narrou com verdadeira paixão o sofrimento daqueles que não somente vivem no sertão, mas vivem o sertão e mostrou-se um cabra arretado quando fez isso mostrando o lado mais belo das adversidades: a alegria de quem as enfrenta e, sobre todas as coisas, a esperança e a fé.
Obrigado, por ter dado ao mundo a chance de ser brindado com seu talento.

Um comentário:

  1. Gosto um monte do Ariano, (bem) mais do teatro que dos romances. Sua visão de cultura, no entanto, é um bocado fechada.

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