
De novo. É extremamente óbvio falar sobre violência, é um tema fácil, corriqueiro, mas enquanto crianças forem executadas, eu não vou parar de tocar no assunto. Cheguei à casa da escola hoje, liguei a TV para me fazer companhia durante o almoço (depois eu falo disso) e fui surpreendido com a notícia do que aconteceu na Escola Municipal Tasso da Silveira em Realengo no Rio.
São por volta das duas da tarde agora e por enquanto o número de vítimas fatais de Wellington Menezes de Oliveira é de onze (além dele mesmo que também morreu). Não consegui encontrar em nenhuma mídia qualquer coisa que indicasse que este homem portasse qualquer doença que o pudesse levar a exterminar essas crianças, então não vou passar a mão na cabeça de ninguém.
Não estou preocupado em seguir qualquer estrutura literária, ou fazer ligações intertextuais, nem ao menos me posiciono como cronista neste texto, apenas como mais um brasileiro indignado pela perda de onze “futuros”, parafraseando nossa presidente.
Por mais que todos nós já tenhamos visto casos como este nos jornais, desta vez foi muito próximo, foi com a gente e, por isso, vai doer muito mais. Vai ter muita gente na rua fazendo passeata, pedindo paz e todas essas coisas que Max Gonzaga canta em Classe Média. Mas na boa, alguém tinha dúvida que ia chegar a nossa vez de ver algo assim?
Quem é do Rio, de São Paulo, ou de qualquer outra metrópole, sabe a influência que o tráfico pode ter na vida das pessoas quando quer. Aquele tipo de coisa que não passa no Jornal Nacional. Quem acompanha as invasões da polícia fluminense às favelas para a implantação das UPPs, vê a quantidade de armas que são apreendidas – e não vê as que não são. É muito mais fácil conseguir uma arma do que deveria ser e parte da culpa disso é da sociedade que disse “não” no referendo sobre o desarmamento em outubro de 2005 (para quem não tem memória curta e ainda lembra disso).
É claro que foi um caso isolado, é claro que a violência ainda é exceção, mas a facilidade com que aconteceu, apenas mostra como é frágil o nosso sistema de segurança. E aqui, não me refiro apenas ao Wellington (o qual eu adoraria que estivesse vivo para pagar o que deve à sociedade), me refiro a tudo, tudo o que acontece, toda a impunidade e toda a acomodação. Eu vou para escola todos os dias, o Roger, o Mateus, talvez você, talvez seu filho, poderia ter sido qualquer um de nós.
Vá sim às ruas, faça sim as passeatas, lute sim pelos seus direitos, pela sua vida, mas faça isso sempre que for preciso, o que no nosso caso é sempre, ponto. Porque a diferença desse assassinato para os outros tantos que acontecem todo dia é só o número e a idade das vítimas.
ele deixou uma carta dizendo que tinha HIV que foi entregue a policia
ResponderExcluirCreio que hoje seja o dia de repensar o "sim" e o "não", de 2005.
ResponderExcluirIndependente do HIV, ele não teria direito de sair matando pessoas inocentes pela rua. Ainda não sei como ele conseguiu as armas, mas de uma forma ou outra ele as conseguiria. Na época do referendo, eu defendi o "não" e até hoje defendo pois com a venda liberada ou não, num país corrupto como o nosso, onde não podemos confiar plenamente na polícia, ele iria conseguir a arma. Também tem outro fato: se a venda de armas fosse proibida, o "mercado negro" ganharia muito mais dinheiro com o tráfico de armas.
ResponderExcluirAnônimo, eu disse claramente que ele não possuia nenhuma doença que justificasse o que ele fez, pois eu sabia do fato do HIV. E acredito que seja de seu conhecimento que a aids não leva ninguém a fazer o que ele fez. Roger, esses são os argumentos do 'não' e são verdadeiros, não há o que dizer, mas é uma questão de opiniões aqui e eu ainda acho que o 'sim' merecia um chance, já que o 'não' não anda dando muito certo.
ResponderExcluirFaço minhas as palavras de Davi.
ResponderExcluirQue bobagem pensar que ele conseguiu armas de formas licitas...
ResponderExcluirentão não é culpa do meu NÃO no voto do referendo...
Alem do mais, a idade minima para conseguir uma arma legalmente é de 25 anos.. então o atirador tinha o porte de uma arma ilegal, conseguida de forma ilegal, nada a ver com armas legais... ou vc na sua cabecinha, acha que os Fuzis AR-15 que se encontram nas favelas, são vendidos aos Cidadãos em lojas de armas?
tente conseguir uma arma legalmente... agora tente comprar um 38 por 200 reais de alguem que traz do paraguai facilmente...
Anônimo, eu não disse que ele conseguiu a arma legalmente. Eu apenas disse que era mais fácil do que deveria ser. E a cabeçinha a qual você se refere fez isso premeditademente certo de que haveria pessoas que interpretariam da mesma forma que você fez.
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