
Dedico este texto a Daniel de Araújo, o homem que me deu o sobrenome com o qual assino hoje e meu avô para sempre.
O fim é uma droga. O fim da vida de alguém que se ama é pior ainda. Quando morrermos, é isso, não haverá mais dor, não haverá mais sofrimento, não haverá nada, mas quando essa pessoa que amamos parte e nos deixa aqui, sem o seu amparo, parece que somos nós que estamos morrendo.
Sentimentos dos mais variados tipos, de diversas intensidades, caem instantaneamente em nossas mentes e silenciam do peito o coração que chora com os olhos as lágrimas da dor visceral da perda. O cimento da selva sob seus pés se torna areia movediça e por mais que fuja das lembranças, que afaste seus pensamentos, qualquer movimento que faça acaba levando-o cada vez mais fundo em seu poço particular e intransponível de recordações.
O mundo é por diversos dias um local abominável. Qualquer sorriso à sua volta lhe causa raiva, faz-lhe sentir-se escanteado, como se ninguém além de você ligasse para sua dor, como se além disso, zombassem do seu choro. Nada o alegra, nada o anima, nada o motiva. Você apenas vive por faltarem-lhe as forças para deixar de viver.
E depois de assimilar um pouco a dor, aceitar que a vida é assim e, forçosamente, se convencer que foi o melhor ou que então era para acontecer, que estava na hora, você se entrega à única coisa que sabe fazer e faz, na esperança de que aquela pessoa para quem você escreve, possa ouvir-te, ver-te e saber, depois de você não ter tido a oportunidade de dizer adeus o quanto você a amou, por mais que jamais tenha dito isso.
A vida simplesmente continua, impiedosa, mas com você vai embora uma parte dela. Obrigado pelas lembranças que o senhor deixou para mim, vovô.
Por Davi Araujo, neto orgulhoso de Daniel de Araújo.
Davi, não há fim. Só vemos fim quando não nos sentimos incluidos neste universo maravilhoso. Todo o dia o sol nasce, uma nova vegetação se apresenta, coisas novas acontecem, mesmo que as achemos ruins. Tudo é ciclo como as estações. estamos em movimento constante, como a terra, o sol, as outras estrelas, os satélites. Essas coisas são registradas ao longo da exist~encia da humanidade. E nós, humanos, fazemos parte delas. A vida não termina, simplismente se renova em outro espaço, em outro ser, com os pais nos filhos, avôos nos netos e assim sucessivamente e para sempre, a humanidade renasce, vive e muda, trazendo novos modelos, novos pensamnentos e novas esperanças. Um grande abraço de solidariedade. Marilene Pereira
ResponderExcluirEu concordo com a sua visão, Marilene, por mais que eu me contradiza ao dizer isso. Este texto foi escrito em um momento bastante complicado e por isso ele soa (e é) mais como um desabafo. Mas eu estou com você, por mais que eu acredite que nossa passagem é única e não-eterna, o beleza das coisas é que haverá um novo ser para continuar o nosso trabalho aqui. Muito obrigado pela força =)
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